sábado, 25 de agosto de 2012

O roubo da alma

O menino olhava fixamente para o nada, deitado ao chão, chupando o pequeno dedo, sugava toda minha energia, embora seus pequenos olhos vagassem a expressão que carregava no sua pequena e doce face, era de um ser feliz. E se, de um lado a nostalgia de um belo dia de sol pairava junto a alguns mendigos, do outro lado o mundo girava, as pessoas andavam depressa, os carros rodavam sem parar, e ao centro estava eu, sentada ao lado se monumento envolto á águas que aparentavam estar imundas, não cheiravam bem, mas mesmo desprezando aquele local permaneci sentada, até que um mendigo aproximou-se de mim, e sem dizer nada se inclinou e começou a beber a água, a mesma água que eu á pouco desprezava há instantes, um segundo tapa na face. O menino já mudara de posição, era negro, mas não havia diferença entre seus olhos e os meus, a direção para onde estavam é que mudava seus pais provavelmente estavam deitados no chão ao seu lado, envolto a cobertor vermelho imundo, embalados por um sono profundo. E ali em meio á dois mundos estava eu, em meio á dois mundos distintos, já não havia mais um eu interno, não conseguia mais me recompor. O menino agora voltava a chupar o dedo agora havia fechado os olhos, aconchegando sua pequena cabeça num chinelo havaiano, e as pombas ao seu derredor voavam sem parar. Senti meu coração bater novamente lentamente, num suspiro fui de encontro ao sono da criança, e quando de súbito as pombas voaram pra longe em bando, voavam para longe dali, senti que estava na hora de partir, olhei o menino pela ultima vez, os passos que se seguiram após a minha saída era eternos, e eram passos vagos, meu corpo foi só, minha alma estava em pé ao lado do menino, e quando levei minha alma para meu corpo novamente, ela tornou a fugir de mim. A partir de então nunca mais consegui prende-la dentro de mim, até hoje ela busca o doce menino negro, que congelou minha alma para si, e fiz de seus olhos minha segunda moradia.

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Não sigo rótulos e não tenho clichês, sou menina meio moleca, forte, sarcástica e com um lado meio poeta.