terça-feira, 22 de março de 2011

A vida da Corcunda.


Carolina sempre foi uma criança diferente, não apenas pelo fato de ter uma corcunda, mas por que sempre preferiu estar só, passava a maior parte do seu tempo, conversando com os animais e evitando todas as pessoas que tentavam se aproximar dela.
Nascera no sitio, sobre os cuidados de uma parteira, e seus pais nunca tiveram condições de levá-la a um médico, para consultar suas costas.
Era um sacrifício para a menina conviver com aquilo, dormia de lado para não machucar, quando teve que ir a escola, o sofrimento aumentou ainda mais, por que foi deixada de lado por todos até mesmo a professora a rejeitava, ela era de fato uma criança desprovida de beleza, com olhos castanhos que brilhavam fortemente, mas que se comparado a sua corcunda tornava-se opaco.
Ela se dedicava aos estudos, sentava-se na ultima carteira, e quando todos saiam para o recreio continuava na sala a estudar.
Não apenas seus olhos brilhavam, mas no coração simples uma sombra de esperança queria ver o sol a todo custo, cresceu e passou a ter livros e cadernos como companheiros fieis, contava versos e poemas, para as galinhas vacas, e todo ser que ela avistasse, porem tinha medo do ser humano, até mesmo dos próprios pais, que também não se importavam muito com ela, tinham mais quatro filhos para cuidar, ela era apenas mais um para sustentar.
Quando Carolina completou quinze anos, continuava tímida sem amigos, porem adoeceu de uma forma muito grave, ela que já era corcunda estava ainda mais arcada, a ponto de não agüentar mais com as próprias costas, passou a ter ficar constantemente deitada em uma cama, sempre virada de lado, sua corcunda aumentava a cada dia, e foi preciso mandar urgentemente chamar um benzedor, para benzer a menina antes dela falecer.
Mas o benzedor, embora simples era mais informado que os demais na casa de Carolina e este, se recusou a benzer a menina convencendo os pais dela, de que deveriam levá-la ao hospital e ainda se propôs a arrumar o dinheiro da condução após ver o estado da pobre garota.
Após uma longa e insistente conversa o benzedor sozinho tratou de arrumar um carro para levar a menina, que saiu de casa carregada e quase sem vida.
Ao chegar no hospital à menina quase foi impedida de entrar, nunca se tinha visto naquela cidade um caso como este, após muita insistência atenderem e logo depois veio o choque.
Quando Carolina nasceu, seu parto saiu errado a parteira não foi capaz de ver, mas ela carregava nas costas uma irmãzinha e esta não se desenvolveu e por um milagre conseguiram dar vida a menina.
Mas Carolina, esta não resistiu a cirurgia e morreu!

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Não sigo rótulos e não tenho clichês, sou menina meio moleca, forte, sarcástica e com um lado meio poeta.