domingo, 27 de março de 2011

A libertação da mariposa



A cidade estava vazia, silenciosa quando eu decidi andar pela avenida iluminada, e sombria.
Com o coração cheio de tristezas segui rumo ao nada, tendo em vista apenas a calçada.
Entre vitrines e vitrines uma me chamou a atenção, nesta tinha uma mariposa que parecia estar ali para enfeitar. Até então nunca tinha visto bijuterias que tem como tema este inseto.
Parei e observei cada detalhe, desde os seus olhos até sua calda, mas a perfeição de detalhes me chamou atenção de um modo diferente, perfeição demais para ser feito pela mão do homem.
Bati no vidro e nada aconteceu, pensei ser inocência da minha parte crer que a mariposa da vitrine era de verdade. Mesmo assim tornei a bater, tinha a impressão de que seus pequenos chifrinhos moveram-se, porem sua calda continuava imóvel, acreditei por um momento que ela estava presa na vitrine, bati, embacei o vidro e nada. Logo
Percebi que as poucas pessoas que por ali passavam me olhavam com estranhamento, resolvi ir embora, mas após ter andado um pouco não agüentei e voltei.
Frente à mariposa eu fiquei (Ela tinha lindos olhos) bati com muita força no vidro, e vi que pela primeira vez suas patinhas ganharam movimento, ela tentou com uma patinha me pegar. Bati mais forte e ela conseguiu mais uma patinha soltar.
Impulsionada pelo resultado tornei a bater, então ela se libertou da vitrine.
Ela estava aparentemente tão abatida que meu coração se abateu, não agüentando a emoção comecei a chorar, libertei da solidão um bichinho que estava condenado a morrer e não a enfeitar.



Rute Oliveira.

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Não sigo rótulos e não tenho clichês, sou menina meio moleca, forte, sarcástica e com um lado meio poeta.